O rapazinho era magro, magro mesmo. Mas de qualquer forma, quando ele se apresentou no Departamento de Assistência do instituto em que trabalha, para bater uma chapa dos pulmões, o médico não devia ter dito assim, apenas para não perder uma boa piada:
— Radiografia, moço? No seu caso basta uma fotografia.
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Guilherme de Figueiredo encontrou-se em uma churrascaria de Copacabana com um cavalheiro francês, apenas chegado ao Brasil, que desenhou o cenário de Um Deus dormiu lá em casa, na versão levada há pouco tempo em Paris.
A primeira preocupação do teatrólogo brasileiro foi preparar o ambiente para o francês, explicando-lhe que o Brasil é um país de todo diferente da opinião usual que dele se faz na Europa. Cobras na rua? Ele nunca tinha visto uma cobra. Onça? Para se ver uma seria preciso viajar até os sertões de Mato Grosso. Macacos? A gente só vê macaco no Jardim Zoológico.
O francês tranquilizado, a conversa passou a focalizar outros aspectos da realidade nacional, a literatura, a música, a arquitetura, quando... Foi o próprio Guilherme Figueiredo que nos contou. Quando um macaco, surgido misteriosamente de uma árvore, pulou em cima da mesa em que eles jantavam, sim senhor.
Um leitor nos telefona a propósito de nossa crônica de ontem dizendo: 1) que é asmático; 2) que acha uma ideia magnífica a fundação do “Clube dos Asmáticos”; 3) que propõe um lema a ser divulgado de todas as maneiras: “Asmáticos do mundo inteiro, uni-vos!”
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Antologia de Machado de Assis:
“Não se pense que sou oposto a qualquer ideia de aterrar parte de nossa baía. Sou de opinião que temos baía demais. O nosso comércio marítimo é vasto e numeroso, mas este porto comporta mil vezes mais navios do que entram aqui, carregam e descarregam, e para que há de ficar inútil uma parte do mar? Calculemos que se aterrava metade dele; era o mesmo que alargar a cidade. Ruas novas, casas e casas, tudo isso rendia mais que a simples vista da água movediça e sem préstimo (...) É bom ir pensando no futuro. Telegramas de São Paulo dizem que foram edificadas, naquela cidade, nos últimos seis meses, mais de 400 casas; naturalmente, havia espaço para elas. Não o havendo aqui, força é prevê-lo. (...) Se tendes imaginação, fechai os olhos e contemplai toda essa imensa baía aterrada e edificada”.