Retorna-se ao Rio depois do Carnaval. Foram apenas quatro dias vividos descansadamente, longe das filas, dos lotações, do barulho — um alívio. Mas quando se entra na praia de Copacabana, em uma tarde indecisa, entre escura e clara, um facho de sol batendo na Ilha Rasa, percebe-se que se tinha saudade. Saudade do mar, da água do mar, das cores que se transmutam sobre as águas. Mas um homem chega em casa, toma um banho, muda a roupa, e vai para o trabalho.
A cidade dos tristes, ao lado do mar, trava uma luta com o mundo do sonho e começa a vencer. Fatos ridículos, trágicos e melancólicos passam a engrenar os cordames do que chamamos vida civil. O homem começa a funcionar dentro da paisagem pobre das casas e das ruas. Cumpre obrigações e vai se tornando um pouco menos do que um homem, até virar de todo um bicho polido e eficiente.
Um marido de 42 anos foi abandonado pela esposa no primeiro dia de Carnaval. Que mulher maluca! Na terça-feira, o infeliz marido, não resistindo aos padecimentos da dor da separação, ingeriu um tóxico e morreu, não sem ter redigido antes um bilhete em que pedia às autoridades policiais isentar de culpa qualquer pessoa. Naturalmente! A culpa foi dele. Da mãe dele, talvez…
Guiomar brigou com o marido e foi morar em um quarto. A senhoria implicava com ela. Guiomar não pagava aluguel. Um dia, a senhoria lhe pediu o dinheiro do quarto ou então, chamaria a polícia. Guiomar pegou uma faca e a enfiou dez vezes no corpo da dona Adélia. Foi presa ainda de faca na mão, pensativa. E quando lhe interrogaram na Polícia, apenas respondeu: “Ela descansou e eu também. Não estou arrependida”.
A Cexim está atrapalhando a importação de filmes. Não tenho percentagem nos lucros do sr. Severiano Ribeiro. mas creio com Augusto Frederico Schmidt que isso é uma das últimas “sujeiras” que se pode fazer com o povo: é melhor fechar de vez o país, distribuir tangas a todo mundo e voltarmos a ser índios, até que um novo Pedro Álvares Cabral nos descubra.
Contudo, há uma nota lírica e agradável nesse retorno ao Rio: por ordem do exmo. sr. prefeito do Distrito Federal, a rua Piratini voltou a chamar-se rua Bela; e a rua General Alcio Souto voltou a ter nome adocicado de Fonte da Saudade.