De literatura para “embrulhar sapato e forrar chão de cozinha”, como disse Antonio Candido, de escrita leve, cúmplice e direta, a crônica já serviu de matéria para muitas definições. Ainda mais porque este subgênero narrativo fez grande sucesso com a expansão da imprensa ao longo do século XX no Brasil, antes que a televisão cooptasse a maioria dos seus leitores. Mas não só de temas – políticos, amorosos, quotidianos, ficcionais ou não – e matéria – papel, caneta, jornais e revistas (impressos ou digitais), é feita a crônica. Durante uma pesquisa para livro, que durou dez anos, investiguei o fundo de crônicas de Rachel de Queiroz (1910-2003), depositado no Instituto Moreira Salles. Meu interesse voltou-se, sobretudo,...