31 jan 2022
Guilherme Tauil
Dentre as Coisas deleitáveis que Paulo Mendes Campos enumerou, além de “arrancar os sapatos depois do baile” e “foto em que a gente fica mais bonito do que é”, está um “cigarro depois do café da manhã, sobretudo de manhã fria, no interior”. O leitor que fuma há de concordar com o cronista. O que não for chegado, bem, esteja avisado de que, hoje, é melhor tapar o nariz e tomar alguma distância para evitar a fumaceira – mas não a ponto de perder de vista essas preciosas crônicas sobre o hábito de fumar.
Sem pedir licença aos antitabagistas, Otto Lara Resende fez o elogio da última tragada em A guimba e o reflexo – aquela que “desce pela árvore brônquica e, perfumada, se infiltra pelas vísceras e acelera o ritmo...14 jan 2022
Guilherme Tauil
Foi na festa de casamento de Di Cavalcanti que Rubem Braga conheceu aquela jovem. “Uma alta e bela moça”, com 20 anos de idade, que pintava autorretratos desde os 14. Por acaso, alguns desses pequenos quadros a óleo estavam no salão e Braga, ao observá-los, foi fisgado pela implacável consciência do tempo. Movido pelo “jogo delicado entre o olhar que vê e o olhar contemplado”, o cronista se pergunta se, assim como a face reproduzida foi se alterando ao longo dos anos, também já não seria outro o modo de ver daquela menina, a “maneira de sentir a si mesma”. Com quase 40, Braga, que se tratava por velho desde moço, desata a projetar nas telas tudo o que ainda aguardava a jovem pintora: pensa nos reflexos “que as luzes...