Jurandir Ferreira

Contista, cronista e romancista de alto apuro formal, além de crítico literário de estilo leve e sedutor, Jurandir Ferreira dividiu-se entre as atividades de intelectual e farmacêutico. Nascido em Poços de Caldas (MG) em 02 de setembro de 1905, mudou-se para Pouso Alegre (MG), onde cursou a Faculdade de Farmácia e iniciou carreira de jornalista na Gazeta de Pouso Alegre. Em 1925, na cidade de São Paulo (SP), colaborou na imprensa local, mas decidiu voltar a Poços, onde, em 1929, abriu uma farmácia-modelo, dotada de laboratório de análises clínicas. Casado com Elza Monteiro Ferreira desde 1932, não teve filhos. 

Publicou seu primeiro romance, O céu entre montanhas, em 1948, e no ano seguinte estreou na poesia com os versos de Fábulas. Não satisfeito com a condição de autor, a partir de 1953 passou a assinar o rodapé literário no Diário de Poços de Caldas, em que fazia uma crítica impressionista marcada por tom confessional:  “Doze anos de ignorância dessa obra foram doze anos de prejuízos para mim”, escreveu ele ao comentar Itinerário de Pasárgada, biografia literária de Manuel Bandeira, que o crítico só conheceu na terceira edição, de 1966. 

Alternando o exercício de escritor com o espírito empreendedor, Jurandir Ferreira voltou ao romance com a publicação de Telêmaco, em 1954, e fundou, em 1958, também em Poços, o jornal Fronteira, que gozou de prestígio no interior mineiro e foi reconhecido no Rio de Janeiro como o melhor na categoria.  

“Poucos escritores brasileiros terão domínio tão seguro sobre o instrumento difícil que é a nossa língua”, afirmou certa vez sobre ele o professor e crítico Antonio Candido. O domínio a que se refere Candido certamente estimulou o escritor a publicar obras de gêneros diversos. Desse modo, em 1972 publicou Saia branca, coletânea de contos, gênero em que se sobressaiu e que já o levara a integrar  o volume Os 18 melhores contos do Brasil, resultado de concurso nacional promovido pelo estado do Paraná, em 1968. Jurandir Ferreira foi ainda cronista, autor de A visita e Da quieta substância dos dias, de 1977 e 1991, respectivamente, entre outros. Neste último ano, passou a fazer parte do Conselho do Instituto Moreira Salles (IMS), ao lado de Otto Lara Resende, Antonio Candido de Mello e Souza, Decio de Almeida Prado, entre outros. 

Em 1991 o Instituto Moreira Salles editou o livro de crônicas Da quieta substância dos dias, e em 1994, em coedição com a Editora Nova Alexandria, o romance Um ladrão de guarda-chuvas, com o qual o autor ganhara o Prêmio Guimarães Rosa, instituído pelo governo de Minas Gerais. 

Morre em 14 de dezembro de 1997, aos 92 anos, em Poços de Caldas.